Cowboys Brilhantes

Gotejando de suor e perdas, flamejando as mãos empunhando a raiva, escravizou todo o mal do mundo dentro de si mesmo, Cowboy que pasta no mato e sabe sempre antes que chove, Cowboy de vaca, Vacas que morrem na mão dos vaqueiros que lhe afagam. Eles não se molham, suas cores formam campo de força refratária, aparentemente não possuem mulheres, Eles as libertaram.

Cavalgam por dias em busca da estrela que brilha no Ocidente, linhas brancas sobem num sopro, o verde vira cinza, e a fumaça vira verdade, os Cowboys Ditirambados nus esfregam-se um ao outro enquanto os cavalos uivam como lobos, a lua cheia ensanguentada turva se veste de preto,ninguém melhor que a lua sabe se vestir de luto.

É normal que se misturem tantos fonemas na cabeça da gente que facilmente pesado vira passado?Não somente, fortemente já foi comprovado que medo vira qualquer coisa.

Agrupem-se aos pares, cada cavalheiro lado a lado, formem um exército, e lutem pela miséria desse mundo torpe, Ostentem a alegria de abraços lentos e sinceros, guardem o sonho enterógeno pra guando deitares e se sentirem seguros.

A noite é um conto de fadas mal contado, onde a beleza de Cinderella seria mais temporalmente narrada que os encantos da fada madrinha, e o Príncipe? Provavelmente dançará com ela e se apaixonará, mas só se sentirá seguro depois de beijar mais algumas bocas, talvez em vez de seguir pelo reino encaixando o sapatinho de cristal no pé de alguém, ele prefira transar. E a Cinderella vai estar lá coitada de pernas abertas pra certeza dele.

Os Cowbows não se agrupam porque não se enxergam de verdade. Talvez a luz ensandecida que pisca, e as cores misturam tanto que no outro dia as lembranças são de um borrão Laranjado, quase ferrugem.

Se eu fosse um planeta seria Netuno com certeza, longe o bastante de qualquer colisão terráquea,
Se eu fosse uma canção de Rock, seria Riders on the Storm
se eu fosse um filme seria Guerra nas estrelas, meu sonho fugir além da Via láctea.
Se eu fosse um estilo eu seria Punk, porque existe uma revolta, não sei de onde.
Se eu fosse um poeta eu seria Drummon, porque das minhas pedras fiz uma ponte.




Mágicos

Pozinho mágico da decolagem de Peter
Já experimentei do teu, em linhas brancas
Sugada em canudo transformada no cérebro em Glitter

Varinha de condão ou gênios
Fraternal e sexual nossa suavidade
difundida em milênios
Se há magicas deveras sucumbidas em fé
Se há mágicas de veras, de Margaridas de Guineveres também existem

Sua barba é sem duvidas a mais poderosa
mais poderosa que os oráculos revelem
Ciência dessa arte rustica, sua barba
me faz falar de amor, tal poder maior que Merlim

Tal qual brumas também revelem
cristais no tempo espaço gorando nossa sorte
Bolas de acrílico não enxergam nada, eu asseguro
nem mesmo a sorte
nem o futuro

Como Não morrer

   
           

           Durante a viagem de avião uma enfermeira a bordo solicita a presença da aeromoça, ao seu lado o paciente entubado imóvel. Julia se aproxima, o homem está gemendo, dor exposta, tempestade algébrica ressaltam os raios que iluminam os longos corredores vazios.
― A senhora poderia chamar algum médico que esteja no avião, temo que o Dr. Roberto não está bem.
A enfermeira parece não se importar com a situação.
― Ele está sentindo alguma coisa? Logo pousamos. ― A jovem aeromoça se preocupa, checa a lista de passageiros em seus bolsos.
― Acho que deve ser só uma dor de estômago, nada grave. ― Ainda sorri.
― De qualquer forma não posso incomodar nenhum outro passageiro senhora ― Desconfiada da mulher ― Tem certeza que ele precisa ver um médico? Você mesma diz que pode ser apenas uma dor de estômago.
― Eu disse que “Pode ser”, e se não for? E se algo grave o acomete por dentro fazendo seu sangue percorrer tão rápido até seu cérebro que explode sujando o corredor?
Aeromoças não são treinadas para reagir frente ao sadismo. Um jogo de gestos e sensações de arrepio, fitou a enfermeira, perguntou-lhe:
― A senhora está me ameaçando?
― Claro que não, não vê que preciso da sua ajuda? Júlia não é mesmo? O nome da minha filha ―Lábios largos abre grande sorriso ― Além do mais não faço ameaças, sou uma enfermeira boa. ― Lábios largos abrem gargalhada.
― A senhora está me assustando.
Júlia deu-lhe as costas e seguiu até o fim do corredor.
― Aonde vai querida? E o médico?
Ouviu gargalhadas ao fundo e apressou o andar até a cabine do comandante.
― Senhor comandante? Senhor? ― Ninguém responde ― Comandante? Senhor?
Bate na porta com desespero, enfim ela abre.
― Graças a Deus ― Ela abraça o homem que abre a cabine ― Pensei por um momento estar sozinha neste avião, uma mulher está...
―Calma, acalme-se que barulho é esse aqui fora? ― Ele a interrompe ― Aconteceu alguma coisa?
― Preciso falar com o comandante, urgente.
―O comandante está ocupado.
―Acho que não me sinto bem ― Limpou o rosto com as mangas.
―Você é nova nesta companhia? Está ciente do protocolo de hoje?
―Não, trabalho a alguns anos, que protocolo você diz?
―Este avião vai atingir o congresso Nacional em algumas horas.


A mulher incrédula acorda no chão do banheiro, respira com fúria, a cabeça dói. Algumas lembranças embaraçadas.

“―QUEM ESTÁ PILOTANDO? ―Júlia grita em memória.
― Não grite, faça silêncio. ― O homem prende a respiração e delicadamente aproxima as mãos até o rosto dela ― fique quieta tem algo na sua testa.
Ela já em estado de choque se paralisa imaginando perder a vida.
―Por favor não me mate! ― Aos prantos a aeromoça trêmula pede socorro.
― Não seja histérica mulher.”


― Quem é você? ― Ela pergunta a si mesma no espelho. ―Tente se lembrar mais um pouco, não foi isso que aconteceu.

“― QUEM ESTÁ PILOTANDO?
― Eu sou o médico que chamaram para atender o homem entubado com dor de estômago.
―RESPONDA!
―Não há ninguém pilotando”

Saindo do banheiro rapidamente ela percebe que o avião está caindo, sinais de alerta, caos, Júlia que caminha tonta até a cabine, trancada, o painel ao lado destrava a porta, mas ela precisa de códigos anotados na prancheta que ficou no banheiro. “Olá Júlia” , voz equalizada vinda do teto.
―Quem está aí? ― Se assusta
“Antes de digitar o código deve antes pressionar o botão vermelho”
―É o piloto automático?
“Sim”
―Me diga qual o código! Agora!
“Primeiro aperte o botão”
Após fazê-lo um alarme ecoou, a jovem aeromoça viu o fogo em sua direção, o impacto imediato com a superfície de concreto, explosão estrondosa.


Como não ficar morto

Julia? Está me ouvindo?
Ela está no limbo, sua inexistência subjetiva lhe cala,
Julia, ACORDA!
Estou cansada, cansada de vozes e suas incógnitas.
Júlia, abra os olhos, sou eu, Victor, quem está escrevendo este texto, você é minha personagem, ACORDA!
Isso não pode ser possível, estou morta, não foi isso que escreveu? Não explodiu o avião?
Sim eu escrevi isso mas vou te dizer como não ficar morta, claro se for de sua vontade, é da minha ciência que a morte traz sabedoria irrefutável.
Mas não sou merecedora de tal sabedoria, ainda tenho ânsia pelos erros ignorantes da experiência de vida
Pois bem, voltemos na parte em que você acorda no banheiro, assim que sair de lá vá até...
Espere! Isso fará com que eu fique viva?
                Claro, não foi isso que combinamos?
Sim mas posso pedir uma coisa?
                Verei se é possível...
Eu posso sobreviver e mesmo assim deixar o avião atingir o congresso nacional?
Bom, acho que não faz mal se tratando só de um texto. Enfim, você vai acordar no banheiro e fazer tudo que eu digo tudo bem?
Estou pronta.

Júlia acorda no banheiro e olha no espelho, sua cabeça dói, em suas veias correm vida pulsante, a respiração é leve contrastando com a alta adrenalina, espera minhas instruções.
―Júlia, é o Victor, estou falando na sua cabeça, saia daí devagar e corra até a cabine do piloto.
―Entendi.
Ela espera alguns segundos antes de abrir a porta, respira bem fundo como se fosse dar um mergulho demorado o oceano, o avião está caindo, é difícil permanecer em pé, ela segue até seu destino, alarmes iluminam o caminho, a aeromoça se desequilibra caindo numa poltrona.
―Júlia você está bem?
―Estou, só está um pouco difícil enxergar.
―Vou dar um jeito.
As luzes se acendem de repente, ela viu a a cabine, conseguiu alcança-la sem dificuldades.
―Muito bem agora digite o código. Zero... Quatro...Sete...
―Zero, Quatro, Sete...
―O último é o Três.
―Pronto, mas a porta não abriu.
―Não importa, este código é pra manter a porta trancada assim ninguém sai lá de dentro, corra até as bagagens e procure uma caixa grande com uma faixa amarela, seja rápida, você só tem 3 minutos.
Correndo contra o tempo e contra a resistência gravitacional chega até a grande caixa de madeira, espessa, bruta, os alarmes não descansam.
―E agora o que eu faço Victor?
―Abra esta caixa, tem uma abertura na parte de cima, ela guarda uma câmara de sobrevivência espacial, a única coisa que aguentará o impacto, entre dentro dela.
Júlia tenta subir na caixa, mas é muito alta, maletas de ferramentas servem para apoiar sua subida, sem sucesso, a caixa é alta demais.
―Anda Júlia, o tempo está passando.
―Não consigo subir.
Ela tenta uma última vez, o avião se aproxima do solo Brasiliense, as curvas de Niemeyer em pouco tempo serão escombros, farinha de tijolos. Ela desiste de tentar subir, abre uma das maletas e encontra um machado, suas batidas violentas contra a madeira encontram uma fresta, ela entra na caixa.
―Júlia, você precisa entrar na câmara, aperte os botões verde e amarelo.
―Obrigada.
No momento do choque a mulher aciona as travas de segurança. Sobreviveu.




Continua Amanhã.

Básica

Os passos rápidos que dei
Avenidas que evitei
Pontos cegos panorâmicos

Forma perfeita contra lei
Sou gay
Sou arco íris pós-moderno
Erro em Matrix
O monstro atrás da porta
Defeito em cabeça burra
Doença em cabeça morta
Sou purpurina
Sou moleque e menina
Tão anormal que até natural
Sou Chico, Caetano, Bethânia e Gal
Sou morto todo minuto
Só por ser seu insulto
Só por ser tua vontade
Sou motivo da confissão pecaminosa na catequese
Sou diabo vestido de Rapunzel
Sou santo de voz suave caridosa afável
Habilidoso na arte da beleza das horas do Apolônio
Ninfo liso versátil garoto discreto afeminado
Sou trabalhado no rastro infernal do demônio
Sou adorno de esquina em centro de metrópole
Fresca dominical jogado em cama de motel barato
Sou morto todos os dias como gado, como rato
Sou clássica
Pois venho existindo desde o início
Sou trágica
Pois morro a cada sopro por qualquer artificio
Sou mágica
Pois vou carregar sonhos mesmo quando é difícil
Sou cloreto de sódio
As vezes sou puro ódio
Sou lésbica, vadia, trans
Sou aquele carro que buzina alto

No início das suas sonolentas manhãs. 

Antes da Primeira Parte - Métrica das Amoras

                





1                       Amora não era vermelha como as frutas colhidas em novembro, tão pouco era doce, era já mulher crescida, soldada em articulações bruscas, emancipada de tradições absurdas, deitada na calçada com uma garrafa de pinga perto do poste, suspira melancolia e é dela que sobrevive. Levanta devagar apoiando no muro rebocado... Em mera ilusão poética neste momento toca um noturno de Chopin.

Amora que brota no asfalto
Embora se sinta mal
Não tira o salto
Amora
Chora

                Perfume barato e pérolas de plástico, sorriso amarelo e dedos ásperos, garrafa cheia e coração acelerado, no meio fio se senta Amora e ao lado seu amado. Na espera de um toque suave o homem olha nos olhos dela, perturba os passos rápidos, alcança nota maior querido Chopin ao fundo, se fundem os laços e de repente um abraço, donos da rua e donos do mundo.

Amora aperta as pálpebras
Força insana de desejo
Rasgo na seda azul
E quando vejo
Flor Amora
Implora

                Me dê um gole, aperta mais forte, olhe com mais cuidado, beije minhas cicatrizes, assopre as feridas, vá na praça e me faça um arranjo com todas as margaridas. O homem entende a composição do sol, da mesma forma aquece os braços de Amora alongando um delicado beijo, o homem entende a composição da lua, girou em torno dos sonhos dela e ainda lhe disse que era sua.

Amora sentiu o coração acelerar
Eminente explosão nuclear
Vindo embaixo do sutiã
Com o nó apertado
Do Seio tocado
Livre Amora
Ignora

                O homem tosco nas palavras rudes, diz coisas obscenas nos ouvidos dela que gosta, Amora não se importa, com o cheiro de loucura e o ácido da tontura, não se importa com os olhares das pessoas e sua coluna torta, não quer saber o que o homem sente porque sabe que quando pergunta ele mente, espera em silencio as palavras involuntárias, surgem quase silenciosas em meio as buzinas da rua, o homem coloca Amora em seu colo, diz que quer pra sempre, Amora respira aliviada e a sonata se torna dançante, por mais que fosse pouco ou quase nada, o homem vai ficar ali com ela, o bastante.

A garrafa de Amora acaba
Ele esfrega o nariz
Ela o observa
Ele dorme
Amora
Cora
               Agora descansam juntos de pés descalços, ele não partiu quando findou o álcool, ficou ali roncando enquanto Amora só olhava, ela jamais vai se sentir totalmente segura, mesmo porque a rua não deixa, mas não importa com nada, Amora não é Ameixa. A mulher passou e sentiu nojo, o homem que passou sentiu nojo, a criancinha passou e medo sentiu, é quase impossível, mas o ser humano conseguiu fazer do amor tão puro algo reprimível.

Amora ajeita as costas no muro
O homem dorme sereno
Pois se sente seguro
Irresistível Amora
Não foi embora.
Nem mesmo
Agora

         O jardim do prazer onde margaridas eram colhidas, na lentidão analítica de cada pétala eis que vejo brotar dentes de leão, ainda não são sopráveis. Na imensidão de massas que compõe todo espaço, a gravidade faz o peso do tempo tombar minhas costas, alimento do fogo. Por entre as linhas percorrem meus profundos sentimentos na sutileza de um nó no cadarço, poderiam ser onomatopeias avulsas como a incompreensível forma de funcionamento das articulações que movem meus joelhos a caírem aos seus pés. Minha fome de intensidade é vegana, minha sede de amor alcoólatra. Os muros a nossa volta são de tijolos de vidro com arame farpado.


  2          Amora verde nos campos chuvosos do Sul, com suas irmãs dança com o vento, ballet de pequenos pontinhos vermelhos em meio à confusão esverdeada, a colheita se aproxima e a pequena amora ainda se confunde com a paisagem, pobre amora que não amadureceu no tempo, esmirrada, pairou nas horas incontáveis do campo, desesperada, viu suas irmãs enrubescerem e permaneceu imaculada.


Amora verde ainda não cresceu
Nem ao menos enrubesceu
Seu suco ainda pouco
Nem formiga quer
Não tem sabor
Nem querer
Beija-flor

                Viu espantada outras amoras tão pesadas caírem na grama, suicidas no encanto, sábias anciãs pretas, amoras redondas suculentas, caem antes que cheguem os homens e suas ferramentas, preferem viver na terra e ali ser alimento de passarinhos, amora verde agora tenta balançar no galho e cair também, inútil sem ajuda do vento, inútil sem a ajuda de alguém.
Chapéu de palha e dedão encardido
Amoras caindo uma a uma
No cesto de amido
Vai lavrador
Amoras
Amor

                Dezembro sempre trazendo, nos bolsos quanto cabe o frio, noites longas, névoa densa, roupas longas, névoa dança, amora verde sozinha no pé, saudade das irmãs que longe estão nos cestos, amora é descrita como eterna deprimida, na maioria dos textos. Canta baixinho indigesta, com a única força que lhe resta, está cega penumbrando.

Amora solitária destemida
Quer ver além da cerca
Não tem esperança
Se tem, acabou
Pois o tempo
Atrasou

                Geleias e doces com chocolate, amoras em potes, amoras por toda parte, amoras e amoras lindas senhoras, açúcar e canela, cravo e cominho, amoras batidas no liquidificador, leite condensado e vinho, sabores diversos, dentes perversos, a pureza da amora perdida no paladar inóspito, misturada em corantes, redemoinho demente das amoras afundadas em conservante, caldo homogêneo, frutas amargas feitas no sopro de oxigênio, amoras estragadas, escuras, amoras góticas, frutas pinceladas com ovo podre, douradas no forno caótico das indústrias tóxicas.

Granulado perdido azedo no vinco
Chave enferrujada no trinco
Uma amora gosto forte
Imaginem cinco
Tão Forte
É Zinco

                Ainda verde deprimida amora da saudade, ainda no pé esperando cair na grama, ainda escoltada pelos insetos que não á devoram, ela inflama, posto que a brasa do calor da terra não é chama. Mas treme, treme de algum jeito a terra treme, gira girassol poente, leite de seiva láctea pedregulhos em creme. É o menino que vem correndo no pasto, trotando alto desamarrando os cadarços, vêm quase voando alongando os passos, vem acelerando junto aos pássaros, cai no chão em tropeço alegre, ri de si mesmo menino entregue, grama alta sujando o jeans, botões mal abotoados, pérolas princesas e afins, olha o céu ainda deitado, vê dinossauros, tira carrapicho do cachecol esmaltado, vê castelos com soldados em discórdia, dragões alados e flechas marcianas, vê a amora pedindo misericórdia.

Amora verde na boca do menino
Criança levada corre e sorri
Mesmo se está caindo
Escorre nos lábios
Doce amora
Ele adora


2         O ringue de protestos inaudíveis, vozes amadoras em meus ouvidos surdos, só ouço sussurros acompanhados do roçar da barba, do cheiro de amaciante caro lutando contra o odor de catuaba no copo vazio bebido ontem, o gosto amargo ainda está na boca adocicada aos poucos com saliva vespertina nos lençóis de algodão amarrotado, a pele do colchão exposta, a procura incansável de sentidos, inútil, mesmo observando profundamente cada traço do olhar castanho, confunde mais ainda, E=mc². Equações de delírio mútuo fabricando cores fluorescente. Mergulhamos de cabeça em piscina de algas e sereias marinhas.

O inquilino do vazio na estante de livros clássicos, as bolhas que saem do refrigerante, as sobras de domingo, um dia requintada a comida depois requentada, ferro enferrujado em tons de alaranjado, playground de crianças drogadas, satisfação mútua em dessalgar o corpo de praia no chuveiro gelado, enxugar o rosto suado disfarçando a vergonha de estar calado, até então só um retardado se vestindo de preto pensando estar fardado, veja que os lados negativos não evitam o fato do sucesso fadado.

 Cometemos um delito incoerente aos olhos de quem nos protege
 Nos abraçamos com tanta força com que o outro negue
 Os olhos sentiram uma metamorfose entregue
 As sombras das velas derreteram na mesa
 Caiu parafina derretida nas cartas
 No jogo de Tarot que eu li
 Futuro parafinado
 Moldado
 Por fim preparado
 No mais perfeito bordado
 Laços de fita incandescente
 Um eterno orgulho adolescente
 E um desejo que fiz no rastro cadente
 Da estrela interior que é resplandecente






(Este texto é dedicado ao nosso amor em espiral)

Parte 1: Gênesis. 

ADAPTAÇÃO metafórica ou literal

Primeiro Dia:
Nossa que noite estranha nem consigo me levantar, nem a fratura que tenho 
nos joelhos deu sinal de dor, será que melhorou? Não consigo abrir meus olhos ou o quarto está escuro? Porra! Que merda é essa? Alguém tá me 
escutando ? Socorro não consigo me mexer !

Segundo Dia:
Alguém vai vir aqui uma hora ou outra verificar que eu não fui ao trabalho ou algo assim, não é possível…

Terceiro Dia:
Estou com medo, o que será que está acontecendo? Não sinto sede nem fome…

Quarto dia:
Teria ficado assim toda humanidade? Nem sei quanto tempo estou aqui…

Quinto dia:
Não posso enlouquecer… Acalme-se…

Décimo dia:
Vou remontar meus passos… Estava na festa, bebi bastante… Tomei aquelas pílulas pra dormir e fui pra cama…

Décimo primeiro dia:
Teriam sido as pílulas? Elas me deixaram assim ? Preciso de ajuda !

Décimo sétimo dia:
Desisto… O pessoal do frigorífico já deve ter me demitido porque estou aqui a dias provavelmente, nem minha mãe sentiu minha falta, Vou morrer. Vou processar aquela empresa de remédios….

Décimo oitavo dia:
Antes de morrer gostaria de, pelo menos, ter pedido perdão, coitada da Patricia, o que fiz a ela não foi justo, nem a Beth, nem a Catarina…

Décimo nono dia:
Roberta, Estela, Flávia, Juliana, Sônia, Janaína…

Vigésimo dia:
Devo já estar morto, melhor pedir perdão a Deus: Perdão por tudo que fiz senhor, todo sexo que fiz fora do casamento todas as drogas que usei durante meus trinta e cinco anos, minhas mentiras e principalmente por não ter acreditado no senhor…

Vigésimo primeiro dia:
Vejo uma Luz… Devem ser os anjos me buscando, obrigado pela sua misericórdia senhor, sei que sempre é justo como minha mãe dizia, obrigado, obrigado…. O céu está se partindo? É impressão minha ou ouço piados de passarinhos? Ou pintinhos? O que está acontecendo? Uma Galinha ? Eu sou uma Galinha ? Eu morri e virei uma Galinha ? Saia daqui!

Vigésimo segundo dia:
Parece que aquele pessoal oriental estava certo, pelo menos no quesito reencarnar em animais, mais justo uma galinha? Vou tentar fugir antes que me matem!

Vigésimo terceiro dia:
É em vão, vou ficar, ser uma boa galinha e quem sabe na próxima encarnação eles não me sacaneiem.






ACEITAÇÃO metafórico ou literal

Nota de Agradecimento


Ela vinha ao meu quarto sempre que tinha um tempo na agenda enquanto eu… Ela 
vinha com os sapatos de salto com as solas pintadas de vermelho com tinta esmaltada e eu… Ela vinha com cheiro de Chanel número 1 e sentava-se frente a prateleira com garrafas de gim e eu... Ela me cobrava a merda do livro que nunca saía dos rascunhos e acendia aquele cigarro horrível e eu… Eu não entendia nada. Você precisa entregar esse livro logo, a editora está irritada e eu também. Esse computador novo que vocês me deram… O que tem ele? ( Estou abrindo um parêntese sobre essa pergunta: O trabalho dela é simplesmente me perturbar, ir no meu apartamento, ficar batendo na porta e essas coisas mas não, ela prefere fazer perguntas como se interessasse na minha vida, há um sentido de investigar e acompanhar, estar presente a qualquer custo) O que tem ele? — Ela diz, observe como é incisiva — Onde está o café? Eu não encontro o travessão nesse teclado, tenho que ir ao google pesquisar por um travessão e copiar e colar em todos os meus diálogos, não tem como escrever um livro assim. Não tem como fazer café nesta nojeira também.
Ela ouve minhas reclamações sobre todo o trabalho que tive trocando o chuveiro queimado. Porque você não chama alguém pra te ajudar? Ela pergunta porque sempre é ajudada Quando eu escrevi aquele Best-seller precisei da ajuda de alguém ? Precisou da editora, e ela vai cair fora assim como eu, fui. A porta está aberta, vá guando quiser, isto que estou escrevendo agora não está a altura da sua editora.Ela sabe o que quer… Quer meu livro pronto, Quer fazer sexo como sempre fazemos e café claro. É sobre a perda da Isabelle Este nome é um mantra de agonia que perturba meu chacra frontal. Então resolveu falar sobre a ex mulher… Interessante, vamos gostar disso. Ela olha pra mim E ela também, tenho certeza. Eu digo Claro, ela se divorcia novamente e volta pra você Esta frase é muito transparente mas o olhar de ciúmes dela é evidencia com os batimentos cardíacos acelerados e o cigarro sendo acendido de novo. Mas o sexo entre nós dois é melhor Pego-lhe pelo braço Apaga esse cigarro. Vou apagar ele é na sua cara, estúpido ! Ela tem raiva apesar do conforto das minhas mãos. Estúpido ? Eu ? Sou sempre eu que faço você sentir aquilo fala… Sou safado, saliente, sedente. Você trepa comigo pra Aceitar a falta da puta da sua ex.Ela fica nervosa e continua fumando, tem tesão mas tem amor-próprio. Estou esperando o manuscrito até terça. Essa merda que estou escrevendo não é sobre aceitar nada, é só uma delicada descrição da vida de uma mulher fria que pensa em si mesmo e faz sexo como se estivesse sendo vigiada pelos pais. Só espero que seja bom — Ela tenta disfarçar um sorriso. Achou engraçado a piada sobre vigiada pelos pais não foi ? Pode rir ! Você é um imbecil.Transamos como sempre, não vou detalhar pois meus filhos lerão isso, enfim ela vai embora e retorna no dia seguinte, brigamos e transamos cerca de catorze dias até eu entregar o manuscrito em suas mãos e ainda disse pra ela: É melhor que você não leia.

O livro era um pedido de desculpas profundo cheio de mágoas extraídas por adjetivos cruéis, pedia enlouquecidamente que Isabelle Voltasse, era uma prova de um amor tão profundo que ninguém poderia prever que ela voltasse pra mim depois disso. “Poética de Isabelle e seus olhos cor do litoral da Bahia deitei com outras mas sempre era você que queria”Uma semana depois de entregar o manuscrito recebo uma ligação. Seu desgraçado, sabia que estava me usando. Calma, venha aqui no apartamento eu te explico…Ela desliga e nunca mais vejo.

Esta é a segunda edição do Livro e dedico a esta mulher que não citarei o nome por respeito á Isabelle, Agradeço meus lindos filhos e meus fiéis leitores, agradeço a editora e à aceitação do público e da crítica.



ABATIMENTO metafórico ou literal

Pantufa e depois sandália, pantufa e depois sandália… Tomei tantos remédios que não tive a capacidade de colocar o calçado certo, é difícil falar, andar e ver e ser e todas essas coisas inclusive pensar. Perdão meus leitores estou sendo levada pra um lugar melhor e fui dopada porque as vezes sou agressiva sabe…
Quer que ande mais devagar dona Mirtes?
Não quero falar, vou balançar a cabeça…
Então para um pouquinho, deixa eu te ajudar a se sentar…
Não… a gente…. Pode…
Tem certeza ? Quer uma água?
Vou gastar a última força que me resta:
fica… Calada…. Por favor.
Concreto, meio-fio, branco e concreto, branco e concreto várias vezes, outro meio-fio, a mulher abre os braços, atravessa o céu, um carro na frente, a mulher segura a porta.
Dona Mirtes ? Dona mirtes ?
Alguém me acorda, as rodas giram meu estômago, estão girando.
Para o carro Douglas, ela vai vomitar…

Olha como crescem as plantinhas em volta dessas pedras… vocês não iam acreditar nas pedrinhas tão pequenas sujas de vômito…
Dona Mirtes a senhora tá melhor?
Heloísa não tá vendo que essa daí tá drogada que não aguenta nem falar ?
Cala a boca Douglas.
Dona Mirtes… Olha pra mim… Ta me reconhecendo ?
Foi lá em águas de lindóia que eu casei, lua de mel… Mas a psiquiatra tá falando comigo agora, como ? Se eu estou com meu filho Lucas dentro da água?
Dona Mirtes ? É a Dra. Carmem podemos ir ? A senhora está bem ?
Carmem… Carmem… remédio… Dra… Muito… forte….
Pode ir Douglas, fica calma dona Mirtes eu se que a senhora ficou muito triste porque seu filho morreu mas você não devia ter tomado todos aqueles remédios.
Eu to bem… Fui ..Lucas.
Eu juro por mim mesmo por Deus por meus pais...” Isso é Leonardo,
Carmem se ela vomitar no meu carro você vai ficar me devendo muito caro…
Faz Silêncio deixa ela dormindo e toca o carro.

O céu e meu filho Lucas ali na minha frente, tão perto, era mentira eu sabia, ele não morreu, não tomou tiro nenhum olha ele, me abraça filho me abraça, consigo sentir seu cabelo… Lucas…

Ela tá acordando…
Ta na hora do jogo Carmem.
Desliga esse rádio… acho que ela vai dizer alguma coisa.

Lucas… Onde tá o meu filho ?
Mirtes é a doutora está me vendo ?
Dra. eu vi… meu ..filho...meu Lucas
Foi só um sonho, ele morreu Mirtes, entende? Seu filho morreu.
Mentira….
Eu não aguento mais chorar mas não consigo suportar, meu filho Lucas, é verdade, Deus levou ele, meu Lucas.
Não acredito que você disse isso Carmem.
Não para de dirigir, isso aqui é pessoal.
Como pessoal ? Se não me contar eu paro o carro.
Douglas… Fica Quieto.
To falando sério.
parem...gritar...parem...Lucas…
Cala a boca Mirtes, dorme….
Agora se você não me contar eu vou parar o carro é sério, porque você está fazendo isso ? Você não é minha irmã ? Não vai me contar ?
Não se envolva nisso
Arvores passando de um lado para o outro sem parar, pinheiros altos e verdes, altos nuvens, eu gosto de nuvens, menos de chuva.
Eu to falando sério.
Liga esse carro Douglas, Liga agora.
Essa mulher não é sua paciente ?
É Douglas, Claro que é.
Por que está fazendo isso com ela ?
Não força barra Douglas.
Lucas… A gente… vai ver o Lucas….
Dirige que no caminho te explico.
Dra… O Lucas…
Cala a boca vagabunda.
Meu rosto dói tanto… como dói o meu rosto…
Porque você bateu nela? Agora me conta? Você já perdeu um filho Carmem, sabe como é difícil e ainda é médica, o que está acontecendo?
Dirige Douglas…
Essa mulher está muito abatida, você também esteve em um abatimento profundo…
Fica Quieto… Você não sabe de nada.
O que essa mulher te fez?
Tentou se matar porque perdeu o filho não está vendo ?
Pela ultima vez… Você sabe do que estou falando…
Já estamos chegando, pode parar ali na frente.
Se não me contar ninguém vai a lugar nenhum.
Meu filho não se matou Douglas...Não se Matou… Vivia Alegre com planos… Foi o filho dessa aqui que mandou ele pular daquela ponde, desafiou… Disse que não tinha coragem… E… Aí… Eu não consigo mais falar…
Contenha-se, pare de chorar, e termine de contar.
Meu filho pulou pra tentar provar pra esse Lucas que era corajoso… Meu filho se foi… Seu sobrinho…
Você mandou matar o menino ? Não consigo acreditar !
E agora é a vez dela… Ela vai sentir o que uma mãe sente…Mas vai sentir é num hospital de gente doida, porque gente que nem ela tem que ser…
Calma Carmem,vamos Conversar, está perdendo o controle…
Agora você sabe, se abrir o bico é preso também, por omissão.
Nós chegamos na igreja de São Bartolomeu.
Cala a boca Mirtes.
Meu rosto foi apanhado pelo poder e energia de Deus, cristo fala comigo.
Para de bater nela, faz o que quiser Carmem… mas você sabe, aqui se faz aqui se paga.
Ela ia contar a qualquer momento sobre a amizade do filho com meu anjinho, eu só me protegi, me aproximei, mediquei… Cheguei ao meu Limite com essa Mirtes. Pare o carro, aí na frente.
Luz de Natal… Que Brilha...Ossana ao Senhor.
Coitada dessa mulher, Você ficou louca.
Ar puro, um céu claro, e está tudo calmo e seguro… as mãos divinas me guiam…
Enfermeira sou a Dra. Carmem e essa é a paciente Mirtes, por urgência meu irmão nos trouxe,muito perigosa, auto extinção, risco de fuga, está tudo aí na pasta junto com a medicação.
A senhora precisa assinar esse papel.
Pronto, mais alguma coisa ?
Os enfermeiros já estão levando ela pro quarto, Boa tarde Dra.
Braços me guiando… e luzes no alto, pessoas descalças...pessoas loucas… porque essas pessoas são loucas ?
Vamos Douglas.
Quarto com camas de ferro, gosto de paredes brancas, to sentindo uma dor forte no braço….
Eu até agora não acredito neste absurdo, estou perplexo.
Era uma dívida que tínhamos, só isso.
Só isso ? Só? O que foi isso Carmem? O que acabou de acontecer ?
O Abatimento.





ABALO metafórico ou literal

 Estamos em um futuro muito, mas muito longe…. Ágata (26) Casada, gosta de vinho tinto, Gosta de assistir programas de culinária na Televisão, tem uma robô que lhe faz tudo, e seu hobby é colecionar papéis de presente, está na varanda costurando uma toalha com os dizeres “Homem da Lua” esperava seu marido voltar da primeira missão espacial, imaginava o herói retornando com a bandeira brasileira e muito prestígio. A Robô lhe entrega uma carta.
O que é isso ? 
Papel, Entregaram pra senhora.
Ela leu... Planeta 00420, 11 de agosto de 3.453

Esta é a primeira e talvez seja a última carta que envio até a terra, para pessoa que encontrar isso um primeiro aviso: este material em suas mãos é muito frágil, leve imediatamente até uma autoridade,Embarcamos em 15 de agosto de 3.450 da Base operacional secreta da Amazônia, esperávamos chegar até uma lua próxima a Vênus até os impulsores que fundem partículas do lado esquerdo da nave pararem de funcionar devido ao choque com objeto não identificado, pensei que iria morrer, só pensei n minha família, doce Ágata e meu pequeno Francisco, o simulador de antigravidade funcionou até poucos anos-luz mas fomos obrigados a aterrissar nesse planeta na qual chamamos 00420 pois contamos no máximo 420 habitantes, são inteligentes e idênticos a nós, um pouco mais baixos e mais negros, temo, o tempo aqui passa de forma estranha, não envelhecemos, captamos sinais de rádio de estações em várias épocas diferentes inclusive do futuro, a Dra Marques tem a teoria que estamos sob atmosfera de matéria escura, não sei ao certo se somos prisioneiros pois de forma alguma permitiram que nos comunicássemos, escrevo esta carta em segredo e envio através de uma cápsula movida a um cubo energético, espero que não se desintegre na viagem e nem encontre um buraco negro pelo caminho, confesso, meu único medo é que as pessoas na terra não saibam mais ler português temos já a sensação de termos vividos uns 100 anos ou mais, meus colegas de tripulação já faleceram, suportaram o clima o quanto puderam mas é mortalmente quente, não me adaptei bem no início confesso, mas a atmosfera daqui é composta por oxigênio puro, com o tempo nossos pulmões ficam até melhores, nenhum vento, as marcas que se deixam na areia permanecem ali até o arrastar de uma roda que é o símbolo dessa sociedade, parecem como nós na época dos pré-colombianos. Fazem 53 graus agora. A Capitã Lúcia Maria Sousa não aguentou o impacto da aterrissagem e morreu as 03:47 de 30 de agosto de 3450 os outros tripulantes, Dr. Salvelio Ruiz Grais faleceu dois dias depois por insuficiência respiratória, um anticorpo no oxigênio dessa atmosfera ataca bactérias agressivamente e infelizmente nosso especialista em comunicação e pósitrons já teve contato com hanseníase em algum momento da vida, A Dra. Adelina Marques Gouvea especialista em extração de neutralino e o Dr. Javier Danco viveram conosco durante todos esses anos, mas foram atacados por algumas feras em 14 Abril 3451 Aqui a fertilidade entre eles não é possível, morrem por acidente ou quando querem e nossa matéria orgânica nos transforma em diversas especies de animais. Não existe linguagem verbal, apenas cantam fonemas aleatórios, se comunicam através de sinais, quando precisam dizer coisas mais complexas fazem desenhos, expressando assim ideias, argumentos e emoções, são exímios artistas, moram em cavernas e passam a maior parte do tempo lá, é menos quente e fornece água vinda do fundo do planeta que segundo a Dra. Adelina é congelado, as cavernas possuem pinturas realistas magníficas contando toda a sabedoria do universo, a união de dois seres opostos que se amaram tanto causando uma grande explosão, um grande abalo, um grande impacto, nasceram 12 filhos, filhos de uma Deusa com cabelos de Fogo e Do Deus com o coração de Gelo, ambos tomam conta de tudo, a terra é a mãe e céu é o pai. Minha teoria sobre esses humanoides é que são como os terráquios menos evoluídos, não falam, e suas tecnologias possuem fundamentos desnecessários como se a ciência fosse a religião e ambas fossem a política de tudo, eram esses os argumentos da Dra. Adelina quando me dia que na verdade eles eram muito mais evoluídos que nós. O planeta sobrevive do Brilho intenso de Vênus durante 30 horas e 30 horas sobre a luz de onze lindas luas formando uma paisagem alucinótica, vou confessar que apesar da temperatura extrema e da água morna pra matar a sede, já me acostumei a esse povo, sobrevivem da troca de alimentos e da adoração de deuses no universo, principalmente uma Deusa que faz seus filhos brotarem da terra como os animais, todos comem apenas plantas e frutas que crescem dentro de estufas subterrâneas, são muito inteligentes quanto a astronomia, química e matemática como se já viesse da natureza da espécie, já sabiam da nossa existência mas a massa escura mantém sua cultura salva...Conhecimento esse que adquiri com um lindo desenho de um cérebro protegido por vários ramos de videira, feito pelo líder, sempre o mais velho, mas outras 3 pessoas podem ajudar nas votações da tribo, decididas através de quem tem as melhores características, são elas… Raciocínio, Criatividade, Força. Os Jogos são Divertidos mas sinto falta do Palmeiras. Danco contruiu antes de morrer um relógio que conta o tempo da terra que já vivemos aqui, me assusto ao saber que foram somente 3 anos, a impressão é que já vivo aqui muito tempo, talvez 65 anos ou mais. Esta carta não é um pedido de socorro, não quero ser resgatados por isso não incluirei as coordenadas da minha localização e nem do planeta que agora é meu lar. Só peço que deem dois recados importantes, o primeiro a pra humanidade: Não se preocupem, cada planeta está evoluído do jeito que precisa, tudo tem um inicio, meio e fim, nossa querida Lua já foi um planeta morto cheio de vida e seres alados. Apenas vivam respeitando seu lar, O segundo recado é para querida Ágata, conheci uma nativa que não dá para escrever seu nome, é como se fosse a palma das mãos juntas fazendo três movimentos horizontais, nós nos apaixonamos e foi inevitável, é um dos motivos de não querer mais voltar esperamos logo que nosso filho brote da terra, desculpe terminar assim mas as circunstancias exigem, diga ao Francisco que o pai dele é um Herói, e fique calma Ágata, você encontrará um marido melhor, eu sempre saí com prostitutas.Coronel, Roberto


Ágata desmaia e sofre uma fratura craniar frontal, nunca se recuperou emocionalmente também ao ponto de nem mais olhar pro céu, Não sei o que aconteceu com o menino Francisco e o Coronel Roberto não escreveu mais, espero ter representado bem o que é um abalo.

Eu descrevendo e expondo o lugar mais extremo onde poucos teriam coragem de ir.

A esmeralda lapidada, a carne seca embalada a vácuo, a descarga estragada e a torneira pingando é um saco.
As janelas e portas trancadas com cadeados, paredes gosmentas, Deuses acorrentados
Em cada canto um objeto grotesco, repulsado por ser diferente, abstrato como a batida onipresente, castigadora, latente: Tum... Tum... Tum.... Um ritmo que é enlouquecedor, nojento, repetitivo, cortinas feitas de paraíso, as vezes esse ritmo acelera, um grande acontecimento, deixando as pessoas que precisam ouvi-lo durante muito tempo no instinto animal lento:  a sobrevivência, primeiro o medo, depois o pânico e assim a fuga.
 O chão tem cheiro de coisas estragadas, metal enferrujado furam os pés.
Remendos no chão pra que ninguém caia, pois não se vê nada além de uma porta com luzes piscando dizendo “SAIA”
Gatos miando por toda parte, estátuas de membros humanos expostos como arte
Várias pessoas bêbadas em outro canto, mas elas não podem ouvir, estão melhor que as pessoas mortas no outro canto, essas não conseguem nem existir.
Arvores secas em todo lugar, plantas mortas, cogumelos, casas de barro e castelos.
Todos impenetráveis, estão ali para serem guardados e usados só quando necessário
Só quando eu conseguir ter um diário, e também quando a organização que tenho com meus Cds se transfira aos meus armários.
Tem coisas extremas demais neste lugar, assim como palavras que se entregam muito nesse texto, sombrinha de frevo? Tapete vermelho? Filmes em coleção? Esse Lugar que estou descrevendo é a razão.
Mas meu horário é irregular, o meu prazer é no estar.
Tem muitas pipas, bolas,  brinquedos ali, um baralho exótico, um corredor erótico

Enfim, esse lugar é triste, estranho, confuso, nojento
Esse lugar é destruidor como
silencio e uma morte pós nascimento,
A mesa onde dormimos 
é de papelão,
 na parede vestígios de inundação,
Realmente concordo...
Vai ser impossível achar alguém que queira morar nesse meu coração

nao importa o tarot dizer que vai dar merda

Assuma que mente
Que o sinal está fechado na frente
Que vamos fechar os olhos e morreremos
Vamos segurar as mãos fortes serenos

Assuma que teme
Mas também assuma que sonha
Assuma que assusta, minha pele treme
Assuma que as horas ecoam e o fogo te envergonha

Assuma que o gosto é amargo
Que o pecado é ilusão
Que a moral não existe
Se vier direto do coração.

Não sei falar francês, não sei dizer não
Assuma que existem erros
Que não são nada frente a razão

Assuma que existem sentimentos
Translúcidos e calmos. Estamos isentos
Assuma que é possível uma transformação
Algo jamais visto
Sem explicação
Nenhum poeta conheceria. Ou não
Mas o peixe só quer ser peixe, puro, em essência.
Sem perturbação
É esse o escorpião.

As Abelhas

Estou ouvindo Lou Reed enquanto escrevo esse texto, lambuzo gosma imaginária cósmica em cada felpudo do edredom, descobri que as abelhas no mundo estão acabando, fica feliz ao ver uma, mas cuidado pra não ser picado, seria uma coisa extremamente terrível se mais uma abelha morresse sem o ferrão.
  Cada ser humano tem seu ferrão, existem os das palavras, cada palavra age de forma direta no que diz respeito as nossas relações, se nos comunicássemos através de desenhos com certeza as pessoas melhores articuladas deveriam ser as melhores observadoras, porque o bom desenhista observa todo detalhe.
  Não, aprendemos a falar, de diversas formas, eu particularmente prefiro a cantada, não suporto aquela de debates infundados onde as pessoas tentam promover suas ideias escolhendo as palavras que acham mais rebuscadas e nesses debates sempre tem essa frase “ Quer que eu desenhe para você entender? ” Acho esse fato engraçado, e também quem entendeu este texto até aqui também achou.
  Tem as pessoas que usam os bens como ferrão, como se dinheiro ferisse em alguma coisa, a falta dele pode sim debilitar de diversas formas, mas eu acostumei mais com o contrário: pessoas que usam o dinheiro para diminuir as outras, se você quer ser a lápide mais bonita do cemitério esteja a vontade, na minha só quero os dizeres “Góticos, não transem aqui”.

  Termino (Pois meus textos são rápidos) dizendo sobre as pessoas que usam um ferrão incógnito e inconsciente, a capacidade de despertar sentimentos confusos nas pessoas, sobre isso, ninguém, fala, ninguém disserta, dizem até que é piegas mas eu vou te falar viu, quero ser aferroado quantas fezes eu puder, não pelas abelhas, se não elas morrem.

Ensaios

E se perguntarem quem fez
Troca-te
Muda-te talvez pra um nome japonês
Estranha chuva morna na madrugada
Acorda-te antes que seja tarde
Assopre se estiver quente
A pele fria que arde
Mas nunca consegui acordá-lo
Nem para os compromissos matutinos 
Muito menos pra vida, não vou mudá-lo;

Gire a roda polivalente
A seta tende á fortuna
O quadro rosa reflete o branco do teto
manchas na parede
Sparks pra que durma
Fecho os olhos e mergulho no mar
Nadamos no algodão do lençol
Vertigem semiótica
Abro os olhos e vejo o sol

Essa é a parte que guardo á subversão caótica
Joguei-me á reversão estática
Entre árvores secas me movo
Varrendo cinzas e cacos de vidro
Obstáculos que removo
Revelo a relva que brota
Verde desbotado
Eu tinha tudo e não tinha nada
Tinha um amigo
Tinha minha beirada
Meu grande Tio
Só não estava pronto
Tal homônimo que dormia no canto.