Ensaios

E se perguntarem quem fez
Troca-te
Muda-te talvez pra um nome japonês
Estranha chuva morna na madrugada
Acorda-te antes que seja tarde
Assopre se estiver quente
A pele fria que arde
Mas nunca consegui acordá-lo
Nem para os compromissos matutinos 
Muito menos pra vida, não vou mudá-lo;

Gire a roda polivalente
A seta tende á fortuna
O quadro rosa reflete o branco do teto
manchas na parede
Sparks pra que durma
Fecho os olhos e mergulho no mar
Nadamos no algodão do lençol
Vertigem semiótica
Abro os olhos e vejo o sol

Essa é a parte que guardo á subversão caótica
Joguei-me á reversão estática
Entre árvores secas me movo
Varrendo cinzas e cacos de vidro
Obstáculos que removo
Revelo a relva que brota
Verde desbotado
Eu tinha tudo e não tinha nada
Tinha um amigo
Tinha minha beirada
Meu grande Tio
Só não estava pronto
Tal homônimo que dormia no canto.

Coisas antigas para Tom sobre o Tom de sépia dos olhos dele

~~É de agonia que me visto
No frio da noite
Na Raiva inerente
No erro que insisto.~~



Meus sonhos em Tom de sépia.
Como o tom dos teus olhos.
Como um filme antigo
Como uma manhã de Outono
Como o caminho que sigo...
Como eu poderia ?
Lançar das minhas mãos uma pedra que fosse acertar a testa daquele que possui a  mesma na constituição do seu coração.
Deitar na grama verde esperando a brisa soprar meus ouvidos
Mudando meus sentidos
Realçando minha falta de noção.
Como eu faria pra mergulhar numa banheira de água vermelha,
Poderia morrer...
Lançar-me ás indulgencias
Colher minhas intransigências
Não seria como sofrer...
As vezes é um poço fundo que a gente cava
 a procura de nem sei mais o que,
 e esse poço tem um fundo falso,
 tão quanto digo que não quero mais.
Que não quero mais voar em nuvens de fértil poética,
Como eu poderia ?
Não ouvir vozes que me mandam calar,
Permanecer sentado no frio enquanto lavo os pés na lama,
Renegando defeitos:
É do meu ciúmes que vem o fardo de amar,
Já que tua falta já compensei com meus passos
Pois caminhei durante horas
Afim de esquecer seus abraços,
Esperando pelo fim:
Na ansiedade de cada cigarro
Em cada flor que eu piso
Na tosse de cada engasgo
Em cada dor que eu não preciso.
Uma ultima declaração:
É cada verso que utilizo
Pra dizer que eu sigo
Sonhando com cada afago,
cada sorriso.



O Café

Diversas vezes pensei em desistir dessa historia toda de ser escritor, escrevi para o teatro, passei pelo cartão de natal até chegar ao obituário de um jornal fudido que circula na Praça Sete, inferno, em um desses meus dias de desistência efetiva vi  uma portinha simples que levava á um café pequeno, decoração de péssimo gosto, sem ventilação alguma, balcão empoeirado, luz de tungstênio de má qualidade, vestígios de uma decoração em que um dia o contraste de vermelho com roxo era  tendência.

 Sentei-me em um canto vadio, bagunçado, entre as traças vi companhia, aos poucos aquele lugar foi me conquistando e todos os dias antes de ir para o inferno eu me sentava e tomava um café, forte porém formigando de doce, frio, mas eu também sou, não julgarei o comportamento do café.

Certa vez entrou uma mulher, bonita, na mão esquerda marcas de uma aliança que não existe mais, punho e antebraços manchados de tinta azul e amarela, olhos cansados pelas leituras noturnas, cabelo mal arrumado, ela provavelmente preferia engolir livros de historia da arte do que perder tempo com sua aparência. Ela sentou, pediu um café, sorriu. Fiquei distraído escrevendo esse trecho que não reparei ao certo se ela terminou seu café antes de ir embora ou se petrificou em um canto como eu.

Certa vez entrou um homem, aparência robusta, olhos vermelhos marcados pelo baseado da manhã, mãos tremulas, bebeu uma água, pelos chinelos e os dedos empoeirados provavelmente não tinha dinheiro para mais nada, não é fato, estou julgando, até os escritores mais decadentes tem liberdade de serem idiotas, devia ter lhe oferecido um café mas ele foi embora de repente, não tive a chance, não tive tempo nem para um sorriso.

Certa vez passei pela porta e o café estava fechado, um papel dizia “ vigilância sanitária” não terminei de ler o resto, na minha cabeça aquilo soava como um “mais dia ou menos dia isso ia acontecer” achei engraçado como aquilo para alguém significava muita coisa e nada para mim apesar daquele lugar já fazer parte da minha rotina, sou sádico, não bebi café e nem sorri, me sentei na calçada e respirei fundo, fumei um cigarro e fui para o inferno em seguida.

Desnomeada

Sentada sem fazer nada no banco da praça ela começou a escrever... Sua alma estava tão triste e ela sem entender porque todos os seus rabiscos pareciam ser de algo que não á pertencia,     [ sorte que entender não é o mesmo que existir só por definição ] ela começou a ver que o que a incomodava era algo fora do seu consciente,
Ela poderia fingir felicidade em seus versos mas não o fez.
Pra não enganar a arte ela deixou de escrever e só passou a agir... se acariciou ali mesmo onde estava... se amou, ela se tocava como se cada gesto da sua mão tivesse extrema importância para alguma coisa que na verdade nunca existiu, pois nada nunca existiu, o que importava era o que ela estava sentindo e isso transparece questões de existência. Fato.
Os versos dela a partir de então se tornaram tão confusos quanto os meus.
A confusão era genuinamente dela, além da tristeza, o “ ela-lírico” nunca foi feliz. A Arte agradeceu. Foi só isso, nada de especial nesse texto, é só pra ser confuso tanto quanto questões de existência.
   

Poesia das Coisas e outras Coisas

Coisas que se perdem,
Não se encontram
Não se acham,
Não se espelham
Não te vejo.

O tempo que se perde,
Desaparece.
Não volta,
Não solta,
Não é Agradável,
Teu toque, porém, amável.

Palavras que fazem chorar,
Não machucam,
Nem consolam,
Servem pra algo incompreensível
Como ter que usar o Dicionário.
Algo necessário.

Quando estou só
Não me importo
O incômodo
É ter um cômodo
Vazio
Sem móvel,
Ficar imóvel.

Coisas que não se cheiram,
Esgoto,
Sangue,
Gordura Quente
Chatice de gente,
Artista incoerente
Puta Inocente.

Coisas que Odeio,
Lugar Lotado,
Dormir sentado,
Verbo mal conjugado
Calculo errado
Sentir Calado.

Coisas que adoro,
Pensar em nada
Pensar em tudo.
Não dizer nada,
Repetir o mesmo verso,
Repetir o mesmo verso,
Repetir o mesmo verso,
E terminar uma poesia com um palavrão
“Filho da Puta”
Você vai tirar meu alto controle !

O Sol que apontava no Horizonte

E não era preciso abrir a janela pra sentir o calor do sol que apontava no horizonte, por mais que ele se sentia no dever de acordar, permanecer ali imaginando coisas agradáveis lhe parecia mais justificável para alguém que queria começar o dia de forma perspicaz.
Mesmo assim ele se levanta, caminha pelo quarto e toca suavemente as estrelinhas de papel penduradas por um barbante embaixo da prateleira de livros, Raimundo Carreiro, Goethe.
 Caio Fernando Abreu está lá a espera de algum tipo de consulta emocional.
É simples seu caminhar até o banheiro, os dedos nos olhos, os pés arrastados... Os azulejos azuis lhe acalmam.
É doce a forma que ele conversa com as plantas e chama Duendes pelo nome mentalmente, o quintal apertado, paredes laranja, o toque áspero dos pés descalços no chão.
É puro o sorriso que ele doa para as pessoas que passam na rua, as crianças da escolinha, os bebes no ônibus que sempre sorriem pra ele.
É engraçado o jeito que ele trança uma mecha do cabelo, com as duas mãos, curvando um pouco a cabeça para o lado.

Certa vez ele parou no meio do caminho e começou a recolher pedrinhas coloridas que se encontravam na grama, pareciam miçangas, amarelas, azuis, violetas. Pensou na sorte de poder ter as encontrado, depois pensou na sorte de poder ter encontrado tanta gente. Ele escolhe a pedra que mais lhe agrada, é a mais especial de todas, não sabe por que. Apenas sabe e isso já basta para diferencia-la de todas outras.
Saber escolher coisas se torna uma arte às vezes, senso crítico talvez, ou como a gente se espelha, ele gostava de jogar paciência, pois se sentia bem quando estava sozinho, ele gostava do mar, pois se inebriava n’água.
Certa vez viu um desenho na parede de um prédio, se parecia muito com ele, como é estranho se deparar com algo que é igual a ti. Uma vassoura se parece com um rodo? Se olhares apenas para o cabo, e a gente sempre olha alto.
                Roxo se parece com lilás, assim como lilás lembra o cheiro de lavanda. Mas a lavanda não é roxa? Talvez nada é igual a nada e tudo se parece tudo, a diferença é quando a gente esta disposto a ver por uma nova perspectiva ou se arriscar.
E enfim começa essa historia doida que narrarei a seguir...


Sobre um bêbado e um Ilusionista


Certa vez um homem estava em um bar na Avenida Amazonas, se sentia ferido por dentro de certa forma, tinha se divorciado e era capaz até mesmo de cometer um atentado a própria vida, pobre homem, se embriagando e colocando em risco sua vida por alguns anos de felicidade com outra pessoa, mas dizem que alguns momentos valem por uma vida toda. O estabelecimento já estava fechando, mas o bêbado não desiste de beber, se embriagava pela vida fétida, pelos intuitos hostis de pessoas que atentaram contra sua felicidade. Depois a raiva passa.
Mascarar angustia com bebida é algo que usurpa a alma. Ele se levanta, sai sem pagar a conta, ninguém o impede, o universo as vezes cria coisas inexplicáveis, isso acontece muito em Belo Horizonte e também em alguns lugares do sul da Irlanda. Andando pela rua ele imagina cores melhores para aquelas paredes cinza, horríveis como todo esse lixo fictício. Ele tropeça, mas antes que caia no chão é ajudado por um cara de cartola e bengala na mã­­­­­­o.
− O chapeleiro maluco? – O bêbado perguntou.
− Maluco talvez, bêbado como você, mas sinto muito desaponta-lo por comprar meus chapéus.
Eles se sentam na calçada e ele espera que o ilusionista tire uma pomba dos bolsos, mas antes que ele perguntasse já ouvira a resposta:
− As pombas ficam nas gaiolas no meu castelo na terra do nunca.
Acredite ou não o bêbado ficou mais bêbado ainda, o ilusionista se torna um mágico. Talvez muita vodka, muita cerveja, muita gente com energia ruim em volta, o ilusionista tira uma vassoura debaixo do casado e os dois voam juntos pra um lugar que o bêbado nem sabe mais onde estava.
O vento nos cabelos dele e as estrelas onde quase podia tocar, era a ultima, ou única lembrança.
No dia seguinte ele esta deitado em sua cama, os olhos vendados pelas lembranças falhas, o suor pelo corpo.
E não era preciso abrir a janela para sentir o calor do sol que apontava no horizonte...

   

Uma ultima tentativa de escrever sobre amor e essas outras porcarias

O dia começa com um olhar incalculável pra qualquer direção, os pensamentos primários são vestígios de sonhos e algum barulho da manhã, é tomado na maioria das vezes por decepções, segue a conformidade pelo que foi sentido dormindo não ser realidade, Agora começa a natureza da fragilidade do ser humano, talvez o  primeiro animal que sofre por preocupação surreal,quando esta descansando vê clara e nitidamente aquilo que mais teme, aquilo que mais despreza, aquilo que mais deseja. A inteligência te torna irônico não importa o quanto possa parecer infantil especular sobre o amor, comprei um livro a um tempo atrás num sebo, trazia amor no título, na cor vermelha da capa e na dedicatória escrita a caneta azul na folha de rosto “ Para Alessandra que tanto retrata o título deste livro” realmente um presente muito romântico  acontece que o livro tinha o conteúdo muito persuasivo falava de tal sentimento como irrelevante de uma forma dramática, era poético com uma visão bastante negativa do sentimentalismo cultural, hipoteticamente Alessandra terminou o relacionamento com o namorado ou o livro não estaria a venda no sebo, e não teria chegado ás minhas mãos me dando muita confiança para dissertar sobre, antes de começar qualquer frase sempre nos perguntamos o porquê, existe um consenso que determina falta de respostas para esta e tantas outras questões, torna cansativo demais a busca de soluções que determinem sua felicidade tornando mais fácil se apropriar das circunstancias...  Se exige que você deva sofrer em prol de uma vontade romântica você sofre, vai viver cada segundo de infelicidade e cada suspiro pra ter essa sensação de vida, sensação de sentido, seu extinto de sobrevivência não tem haver com deixar a mente sã, mas sim em tê-la em movimento seja como for, quanto mais intenso mais satisfatório. Amor...  Atrevo-me a dizer que é como pimenta, você sabe que em algum momento vai arder, mas você gosta. O choro da criança não dói pela agonia de vela sofrer e sim pelo Cinismo de vela fazendo pirraça.
     E como vejo isso tudo enfim? Como uma bola de neve que desce a montanha de delírios e cresce numa avalanche de vontades dentro de quem sente, não eu, já encarreguei de transformar minhas alucinações juvenis em plásticos bolha que explodo nas horas vagas. Acidentalmente me envolvo muito com fantasias e acabo não percebendo vantagens em situações reais, é uma batalha diária se ater em afazeres necessários, haja tempo pra me purificar com pensamentos líricos de uma vida amorosa inexistente.
            O amor?
          O amor é recheio
É incerteza;
É medo com receio.

O amor é inerente
O amor é composição
É inconseqüente
É uma contradição
Amar é competência de ser
A honra de merecer
Ou a covardia de negar
Não deixar de amar
É a incompetência de não aceitar
Estar junto é essência
Conversar
Soltar
Dissipar na inocência
Deliciar por sermos
E sermos nós mesmos
Amar é Paciência
Paciência pra sofrer
E força nos joelhos.
Evoluir como pessoas sem perder o sentido
Ajoelhar no chão
Colar qualquer caco de vidro.

Poesia do Mapa e o Duende novamente

E tenho dito aos quatro cantos
O quanto sinto, o quanto canto
E sinto tanto...
Tenho estado atordoado
Assim quando falo muito
Na verdade estou calado,
O que é tempo e espaço.
Porque o fracasso ?
Estou fadado
A esperar o futuro
E lamentar o passado
Estou indo rápido
Não sou prático
Mas onde quero chegar ?
Quem vai estar ?
Quem estará la ?
Só assim me disfarço
Me engano...
Não guardo
Cuspo e saio voando
A questão não é ser ou estar
Estou sempre sozinho
E este mapa
É pra quando quiser me encontrar...

Poesia dos Duendes quando choram

E muita coisa vem acontecendo e tem sido de constante harmonia,
Ao duende que por certo quimicamente encontrou alegria
no chá das horas que se tornou chá do dia,
nas pílulas rosas e a azul que vicia.

Depois de um tempo na floresta atesto que deveria ter ficado quieto
Ainda estava atormentado
Fui procurar uma sombra nos ombros de quem um dia foi amado
Infortúnio Indiscreto
Um tanto secreto
Na minha cabeça tudo bem,
Com os remédios tudo bem...
Imagina sem...
A bebida deixou tudo desconexo
Talvez eu te queria ao menos inteiro no final de semana
Mas tudo não bastava de sexo
aquela energia que emana
das nossas conversas casuais
nossos ensaios,
Nossos distúrbios normais,
delírios e desmaios...
nada tive, nada vi
fechava os olhos e imaginava dois corpos qualquer comigo
mas era como se não encontrasse abrigo
nem via ali meu amigo
e quando clareava eu via o sol
amarelo naquele Tom
E aquele sol
É a constelação de aquarius
o relógio parando de vez
seus ponteiros e nossos horários
queríamos que ficássemos três,
Mentira Inventada
Paradoxo sem fundamento
só me resta o lamento
agora e depois
foram só por alguns minutos
preciosos minutos
que estávamos só nós dois
como agíamos
como realmente queríamos...

E o mundo desaba em restos
e protestos

Mariana encontro
aquele ponto
“estar só”
duas cordas de pirata
uma cada vez mais se enrola
uma acaba de desatar o nó
abre-se a caixa de pandora
a catástrofe que sempre digo que acontece
quando um duende chora
um amor velho,
que estava esquecido pelo tempo
aparece no pior momento
de fraterna amizade
a intensa amizade
a eloquência,
o prazer da existência,
enquanto isso do outro lado da rua
não na minha casa nem sua
dorme os olhos castanhos
por si profundos
por fim estranhos
aqueles que realmente me fazem derreter em cada suspiro
aquele abraço que acompanha as luzes cintilantes das estrelas
aquele cheiro que é meu ermo
que perco meu tempo em fantasias
perco meu eixo
me perco pra escrever o texto...
seu amor por mim não me nega nunca,
não com as palavras
mas com a energia que me passa a cada palavra
quando sua boca toca a minha
quando sua boca esta calada
como as ondas se movem,
mas ele nega...
o que faço...
ou melhor,
do que me desfaço...?
continuo seguro aqui
ali,
em qualquer lugar,
só um destes tem um mapa,
   
                   Onde só você pode me encontrar....

Um pedaço de um grande conto sobre um Duende

“Todos os sonhos que ele tinha, dos doces aos amargos,
                                                                   Da razão pela vida á entrega aos pecados,todos intensos
                                                                   Como a própria realidade, todos isentos da falta de  
                                                                    Veracidade”

E então ele se levanta do chão e começa a caminhar pela floresta tentando encontrar um caminho que faça com que volte a tempo para cidade. Já não se importava mais com o gorro que fora perdido no bosque das árvores secas e nem os animais que lhe ameaçaram.
− Como se já não bastava, ainda tenho que te seguir para que fiques sempre bem.
Era a voz que vinha do nada, vinha na cabeça dele, ecoava pelas pedras da montanha, pela cascata de água doce que se arrastava aos pés.
−Se me queres bem que me diga o caminho.
−Se chegou até aqui sozinho, terá a capacidade de encontrar por si só.
Já não bastava tudo, ele ainda havia de aguentar até as injúrias dos seus próprios seres imaginários. E ali estava a resposta. Se ele era capaz de aguentar isso tudo sem pestanejar já teria sim consciência suficiente para se libertar das amarras do passado, retornar ao seu estado líquido, sem medo de nada, sem receio de causar dor, ele sabia que era sua hora de se entregar aos verdadeiros sentimentos. Hora de encontrar com o senhor dos sonhos. E ele estava na cidade, deveria voltar.
                                                   ≈ ─ ≈
Mas na cidade todos tem medo de duendes, será difícil encontrar um homem capaz de induzir o duende ao sono de Zeus. O sono que fará enxergar o que o futuro aguarda, qual será o próximo universo que sua alma irá caminhar. Não há tempo para remoer as dificuldades, e a primeira, ainda era encontrar o caminho de volta. Ele resolve seguir o curso das águas que percorrem pelos seus pés, talvez ao sul esteja o caminho. Andando pela floresta ele remoia memórias em sua cabeça, relembrava histórias, pessoas que estavam guardadas em algum lugar pois duende não ama  com o coração, duende ama com a sinestesia universal, ama com alma. Era nesses momentos de lembranças dolorosas que ele olhava para o chão e assim avistou um cristal amarelo escondido entre a grama rasteira, se lembrou da carta que recebera quando ainda era pequeno, recebera dos céus:


“ (...) E por um golpe do destino, será brutal, encontrará a dor e se estranhará com o desconforto, vai caminhar pela terra dos homens, será como eles, caminhará como eles, verá suas cores, sentirá seus sabores, vai perecer aos instintos do amor e da vaidade, vai conhecer inglórias e terá o dever de registrá-las em histórias (...) Terás que passar por cada etapa da vida, começando do nascimento até a morte, terá que amar, sofrer, temer e revolucionar, deverá mudar a cabeça do mundo para que haja compreensão, Vai perceber sofrimentos que não são seus, Vai se esvair da nobreza que lhe confere.(...)”

Essa é hora que se pensa em como cruzar um rio sem ter uma ponte, Mas não há ferida que não se cure com o ardor do consentimento. Ele sabia que todas as provações que lhe cabiam eram para um bem maior, incompreensível agora em estado de indução humanoide. Os humanos não sabem pra onde vão, estão parados no tempo que criaram só porque as coisas na natureza acontecem repetitivamente. Eles reclamam tanto da rotina mas são escravos da Constancia.
Eis a parte da carta que realmente interessava no momento:

“ (...) E um dia quando estiver só, quando deixar teu berçário, quando for a hora de conhecer toda a fragilidade do mundo, de se apavorar com as sombras negras que povoam a alma de muitos, de se chocar com os homem-rato debaixo das pontes de concreto. (...) Verás assim o desprezo de toda raça. Verás o sangue, e o ser fétido, porém encontrarás o bem equivalente, Vai descobrir o que é a união de dois polos coexistentes de energia cósmica. (...)
E é isso que precisará entender e conhecer, é o que nunca lhe foi apresentado em outras vivencias, essa é a hora. Vai saber o que é quando encontrares uma pedra amarela (...)

E um estampido de esperança comoveu até as plantas que floresceram num instante, As rosas brancas transferiam a luz da lua até o cristal, que reluzia o cominho de volta até as montanhas de concreto. Ele andou por alguns minutos e caiu no sono.
           
                                                   ≈ ─ ≈
Acordou em casa, sentiu o calor do suor escorrendo no corpo, jogou o cobertor no chão, acendeu um cigarro, olhou se haviam mensagens no celular, respirou profundamente. Se sentou apoiando a cabeça nos joelhos, Se concentrava em coisas boas, foi no amarelo do sol apontando no canto da cortina negra que cobria a janela que ele recordou que o senhor dos sonhos estava próximo. “Talvez seja em forma de animal”  pensou “ um cachorro ou um gato.” Ele gostava muito de gatos.
Mas não era um animal o senhor dos sonhos. E isso ele descobriu depois... Não por uma pedra amarela, por uma pedra negra. A cor que não refletia nada, o avesso da clarividência dos tons claros.

                                              (Ouro Preto 2011 Para "Tom" Eterno amigo)

As Árvores de Lá

 As árvores de lá.                                    
  Sentada na janela ela observava, de longe via as montanhas, como eram lindas, as arvores que lá estavam  pareciam estar dançando...
           [que bela música]
                                                         ~mas então ela chora.
Porque tais arvores ali paradas acenando não viriam buscá-la. Há tempo esperava, [não] elas ficavam em um lugar só.
          
                                                2. Ela vaí até lá.

Ou pelo menos tenta, porque se vê em um lugar tão escuro, sombrio, ela penetrava em suas emoções emergentes e se libertava de muita culpa, o que sobrava lá ficava, lá dentro de sua alma.
        [ela se cansa]
Riu de uma piada que lembrou ler no jornal hoje cedo.
                                            Olhou no espelho do seu quarto.
                                                    [sim. Ela estava em  casa]
Pegou um batom vermelho, ganhado de alguém,   passou em seus lábios, acredito eu não terem donos, se maquiou da mesma forma semana passada para o casamento dos Morais.
                             Agora o perfume.
                                                                                                         ~vozes do portão.
Ela acha que é o carteiro, não tem muita certeza.
                                                                                                         ~as vozes somem.
Ele se foi, ela pensou, não disse, por que ela não falava sozinha.
                                                                                                         ~as vozes agora estão na sua cabeça
Ela abriu a Janela. Suspirou [eu também] subiu em um baú, debruçou-se ,
 Levantou um joelho, Levantou o out...
                                   Não sei, Mas acho que não a vejo...